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Humanos

  • Foto do escritor: Enquanto Somos Jovens
    Enquanto Somos Jovens
  • 4 de mai. de 2019
  • 2 min de leitura

Certo dia, em uma feira de livros, passou pelo meu estande um homem com uma máquina fotográfica na mão. Era uma canon cyber-shot 16px. Quando o vi tirando fotos com aquela máquina obsoleta, acho que o encarei demais. Ele acabou puxando papo. Apresentou-se como fotógrafo. Disse estar procurando o ângulo ideal para uma boa foto. E eu pensei, “que boboca! Qual fotógrafo profissional hoje em dia usa uma máquina dessas?!” Então ele falou mais, daquele tipo de humano que quando encontra alguém que demonstra interesse em ouvir, aproveita todos os segundos para falar um resumo da vida. “Me roubaram minha câmera. Com lente, bolsa e tudo. Por isso estou me virando com essa aqui. Um amigo meu ia jogar fora, acredita? Tem fotógrafo bambambam aí que me desprezou quando me viu tirando fotos com ela (a cybershot), quem é que vai me levar a sério usando isso aqui? Mas sabe, não é equipamento de milhões que faz um bom fotógrafo, é o olhar, o talento. E isso eu tenho. Fotografo desde os meus 15 anos. Ponho no chinelo muito fotógrafo famoso só com essa máquina aqui. Quem me roubou era amigo meu… quer dizer, eu achava que era. Quando cheguei em casa, tinha sumido tudo. Mas não tenho raiva dele não. Tenho pena. Nunca fui vingativo. Sou judeu por parte de pai, abençoado duas vezes. Pensei que quem me roubou era meu amigo. Era nada. Nunca tive amigos. Nem no falsibook. Nem sei pra que tenho aquele lixo. Ponho minhas fotos lá para divulgar meu trabalho e ninguém curte, ninguém dá a mínima…” Nessa hora meus olhos já estavam cheios d’água e meu coração apertado por arrependimento de ter julgado o cara como um fotógrafo qualquer. Só por causa da câmera que ia ser jogada no lixo. Quantos humanos devem estar na mesma situação que esse fotógrafo! Tratados como um qualquer, humilhados, traidos, roubados, sem amigos, sem prestígio. Espero que todos, mesmo não sendo judeus por parte de pai, se sintam abençoados duas vezes. Talvez seja essa minha missão na Terra. Eu, filha de Deus por parte de Cristo, abençoada infinitas vezes, preciso aprender a parar de enxergar humanos com “um qualquer”. Preciso olhar, ouvir, curtir no facebook… preciso aprender com Cristo a enxergar além da câmera obsoleta. Deus vê o coração e eu, como filha de Deus, preciso ver que por trás das câmeras obsoletas, penteados fora de moda e roupas cafonas, há humanos. Humanos que precisam ser amados como imagem e semelhança do Senhor.

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